quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Santa Cruz quer apoio para Corporação musical São Sebastião


Por Wélliton Moreira

O acesso à cultura e ao lazer, no Brasil, encontra inúmeras barreiras e ainda não foi democratizado, embora o direito a ele seja assegurado pela Constituição Federal de 1988. Não se pode negar que são inúmeras as políticas, as iniciativas e leis de incentivo que pretendem democratizar esse direito; em contrapartida, são também inúmeras as formas de obstar o seu acesso. O desrespeito às leis, tanto por autoridades políticas quanto por empresários, o total descomprometimento de certos políticos com a população e a falta de incentivo à cultura são os que mais afetam a população.
Em um contexto mais restrito, no caso de Santa Cruz de Minas, os jovens não têm muita opção quando o assunto é lazer e cultura. Nesse contexto, a Corporação Musical São Sebastião tem importante função social ao oferecer, além de um ambiente saudável, lazer e cultura aos jovens, contribuindo de forma significativa na formação daqueles que têm a oportunidade de fazer parte do seu quadro de músicos e aprendizes.
Apesar de importante papel social, a entidade, que não possui fins lucrativos, político ou religioso, carece de mais incentivos das autoridades do município, uma vez que seu objetivo é disseminar a arte musical e manter-se enquanto banda musical e escola para formação de seus próprios músicos. Para melhor atender seus componentes e para que possa atender cada vez mais pessoas da comunidade, a corporação tem sede própria, ainda em fase de construção.
A Corporação Musical São Sebastião foi constituída em 17 de fevereiro de 1997. As dificuldades iniciais eram grandes, chegando ao ponto de encerrar suas atividades por um longo período por falta de maestro, devido a falta de apoio. Em meio a muitas dificuldades, retornou às atividades no ano de 2000 e foi oficialmente inaugurada em 20 de janeiro de 2001, em tocata em homenagem ao padroeiro da cidade, que também empresta seu nome à banda de música.
Sua composição conta com os seguintes instrumentos: clarinetas, saxofones, trombones, trompetes, souzafones, bombardões, bombardinos, saxhorns, trompas, além da percussão. Desses instrumentos, 1/3 foi adquirido pelos próprios músicos e 2/3 são patrimônio da banda, sendo alguns recebidos do Ministério da Cultura, já há alguns anos, e outros adquiridos pela própria banda, sendo que a maioria dos instrumentos apresenta defeitos e necessita de reparos.
A banda se mantém através de gratificações recebidas nas tocatas que faz (procissões, festividades, etc). Para receber algum benefício do governo municipal, estadual ou federal é necessário que a entidade esteja em atividade e tenha objetivo filantrópico, com fins sócio-culturais. Embora cumpra esses, nos anos de sua existência, recebeu apenas alguns instrumentos do Ministério da Cultura e algumas verbas de apoio à cultura repassadas à Prefeitura Municipal. Apesar de inúmeras promessas políticas, ela quase não recebe incentivo do município. Na atual gestão municipal, somente foi cumprido a promessa de repasse financeiro destinado à cultura, prometida desde janeiro, porém, entregue somente em outubro, todavia, insuficiente para arcar com a manutenção e necessidades da entidade.
Não bastasse toda essa falta de apoio, a banda de música, os músicos e alunos não contam com a presença de um maestro fixo, devido à falta de colaboração financeira do município. É com muita gratidão que a entidade conta com o apoio do maestro e Delegado da Ordem dos Músicos de São João del-Rei, Sr. Claudionor Sebastião Lopes, que se esforça para reger a banda sempre que possível, custeando seus próprios gastos com transporte, uma vez que reside na cidade de Juiz de Fora e, também, muitas vezes prestando seus serviços na manutenção e reparo de alguns instrumentos musicais. A banda ainda conta com a colaboração do músico e presidente, Sr. Reinaldo Júnior de Carvalho, como regente substituto. Na opinião de Gleidson Santos, músico, diretor e também acadêmico do Curso de Música da UFSJ, "A amizade (união e companheirismo) é a maior força que nos mantém firmes para continuarmos um trabalho cultural tão magnífico que é esta banda. Cada um de nós poderá seguir um caminho diferente, mas jamais poderemos deixar de lado nossas origens, levaremos para toda vida esta dádiva que Deus nos concedeu, guardaremos na alma o que estamos vivenciando aqui”.
A atual formação da banda conta com cerca de 50 integrantes com idade que varia de 7 a 85 anos. Ao abranger uma faixa etária tão ampla, apresenta-se como uma alternativa para um problema social cada vez mais presente no seio de nossa comunidade: o envolvimento de jovens e adultos com drogas e a criminalidade. Com a realização de suas atividades, ela retira da rua e do alcance de pessoas más intencionadas as crianças, adolescentes e adultos e propõem a esses potencias alvos da criminalidade uma oportunidade de musicalização, propiciando um acesso à cultura musical, que é uma das mais tradicionais em nossa região.
Assim como outras entidades que se dispõem a essa importante função socializadora e educadora, à Corporação Musical São Sebastião também falta recursos e incentivos, sobretudo das autoridades municipais, para a prestação de um serviço social mais amplo à comunidade. È de se mencionar que na cidade de Santa Cruz de Minas ainda existem outras entidades que se propõem a um trabalho social, como os 02 (dois) clubes de futebol, mas nada que desmereça qualquer outra forma de manifestação cultural, principalmente, a prestação de importante e essencial serviço já disponibilizado pela Corporação Musical São Sebastião.


Links relacionados:
São disponibilizados na internet, os seguintes endereços da Corporação Musical São Sebastião, locais em que poderão ser encontrados vídeos, fotos, perfil, componentes, compromissos e muito mais:
http://www.bandacmss.blogspot.com/
http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?origin=is&uid=9691339727279958565
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=15937149

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